O filme Geni e o Zepelim, que será gravado no Acre, está no meio de uma situação no mínimo constrangedora. É que a diretora do longa, Anna Muylaert, resolveu transformar a personagem principal – que, no teatro e no longa homônimo Ópera do Malandro, de Chico Buarque, é uma mulher trans – em uma mulher cis. O caso tomou uma repercussão grande nesta semana.
Anna resolveu se pronunciar e decidiu se pronunciar. De acordo com a diretora, durante o processo de criação desse filme, entendeu-se que a letra do Chico poderia ter várias leituras. “Que poderia ser uma mulher trans, que poderia ser uma mãe solteira, que poderia ser uma presidente tirada do poder sem crime de responsabilidade, que poderia ser uma floresta atacada diariamente por oportunistas. E a gente, por uma questão de lugar de fala, escolheu fazer uma prostituta cis na Amazônia”, acrescentando ter sido uma inspiração de Iracema, de José de Alencar.
A diretora reiterou que a ideia não é fazer um transfake. “Mas, diante da reação da comunidade trans, eu quero vir aqui e abrir o debate, jogar a pergunta. Essa letra do Chico, essa poesia, hoje, em 2025, só pode ser interpretada como a Geni, o mito Geni, que é uma energia de bode expiatório só pode ser interpretada como uma mulher trans">